Com maior renovação em anos, Raízen vê safra de cana 2019/20 até 5,5% maior
A Raízen Energia, pertencente à Cosan e à Shell, prevê elevar a moagem de cana-de-açúcar em até 5,5 por cento na safra 2019/20, ao passo que sua taxa de renovação de plantações deve ser a maior em quase uma década no ciclo que se inicia oficialmente em abril.
Maior grupo sucroenergético do mundo, com 26 usinas espalhadas pelo Brasil e 860 mil hectares de área agrícola cultivada, a Raízen Energia deve processar entre 61 milhões e 63 milhões de toneladas de cana em 2019/20, após 59,7 milhões em 2018/19, segundo guidance divulgado mais cedo nesta terça-feira.
A projetada recuperação na moagem se dá em meio a uma maior renovação de canaviais e a melhores condições climáticas durante a fase de desenvolvimento das lavouras. Algumas consultorias, com efeito, vêm apostando em um aumento da safra de cana no centro-sul este ano.
Segundo o CEO da Raízen, Luis Henrique Guimarães, quase 85 mil hectares foram renovados na safra 2018/19, que se encerra neste mês, com os ganhos em produtividade dessas lavouras mais jovens sendo observados a partir do próximo ciclo.
Ele ponderou que nos últimos anos, por causa de custos mais altos e também condições turvas de mercado, foi realizada uma renovação aquém do ideal nos canaviais da companhia. Mas esse cenário mudou agora.
“Desde o ano passado, voltamos forte (com a renovação). Não fazia sentido ter renovação quando se tinha custos elevados… Pretendemos plantar 105 mil hectares na próxima safra”, afirmou ele durante o evento com investidores Cosan Day 2019, realizado em São Paulo.
Caso essa área superior a 100 mil hectares em 2019/20 se concretize, com os benefícios aparecendo mais à frente, a Raízen Energia registraria a maior taxa de renovação de canaviais desde sua origem, em 2010. Guimarães disse que o plantio hoje está mais barato graças à tecnologia, indo desde análise de solo, passando por processos mecânicos, até sobrevoos de lavouras para checagem de falhas.
Não foi informado de imediato o montante a ser investido pela Raízen Energia nessa renovação, mas o guidance aponta para aportes totais de 2,7 bilhões a 2,9 bilhões de reais em 2019/20, ante 2,5 bilhões e 2,7 bilhões em 2018/19 –o volume inclui todos os investimentos.
As perspectivas para o setor sucroenergético brasileiro vêm melhorando nos últimos anos em razão de uma nova política de preços de combustíveis da Petrobras, que passou a dar maior competitividade ao etanol, e também por conta do RenovaBio, uma política nacional de renováveis em fase de regulamentação.
Segundo Guimarães, o RenovaBio permitirá à indústria sucroenergética “se preparar e se planejar”, uma vez que o programa pressupõe mandatos de uso de biocombustíveis e metas de descarbonização. Com investimentos voltando, a tendência é que a área de cana no país volte a se expandir com força.
NOVO CICLO
Guimarães disse que a Raízen Energia seguirá sem operar as usinas de Tamoio, em Araraquara (SP), e Dois Córregos, em município de mesmo nome, também no interior paulista, na safra 2019/20.
As unidades estão “hibernadas” desde o fim de 2017. À época, a empresa disse que tomou a decisão por motivos de “escassez de cana”.
Em paralelo, Guimarães disse que mais da metade do açúcar a ser produzido pela Raízen Energia na safra 2019/20 já está com preços fixados.
“Estamos com mais de 60 por cento da safra que entra com preços fixados, com preços 15 por cento superiores”, disse ele durante o Cosan Day 2019.
Guimarães não detalhou a fixação em volume nem quais os preços do hedge.
Ele explicou que no ano passado, mesmo com o Brasil “retirando quase 10 milhões de toneladas de açúcar do mercado”, dado o maior foco no etanol, houve superávit global do adoçante, pressionando as cotações da commodity. Agora, contudo, já há sinais de recuperação nos valores.
Diversas consultorias vêm apostando em um déficit na oferta mundial na temporada 2019/20, que se inicia em outubro, o que potencialmente daria sustentação aos preços do açúcar.
Fonte: Reuters